domingo, 13 de maio de 2012

O Currículo de Inglês nas Escolas Waldorf

Autor: Juliana Blaser



O CURRÍCULO DE INGLÊS DAS ESCOLAS WALDORF:
UMA SÍTESE DE INDICAÇÕES E SUGESTÕES

1.                  INTRODUÇÃO

O ensino de línguas estrangeiras é uma parte muito importante do currículo das escolas Waldorf e tem como objetivo principal fazer com que o aluno através da língua tome contato com outras formas de pensar e ver o mundo.
Amaral (2001) coloca que com base no estudo do ser humano, percebeu-se que é muito importante o aprendizado de outra língua para o desenvolvimento no âmbito do sentir. Assim, o ensino das línguas estrangeiras não tem como objetivo apenas a ampliação dos conhecimentos, mas sim a complementação e a intensificação do campo do sentir em pleno desenvolvimento. O estudo do idioma auxilia na ampliação do ponto de vista dando a conhecer através da língua o sentimento e os pontos de vista de outros povos o que contribuirá para e extinção de tendências racistas e nacionalistas preconceituosas. Para tanto é recomendado que se aprenda uma língua bem diversa da materna.
Segundo Taylor (1986) apud Amaral (2001) o indivíduo que se comunica em outro idioma adquire facilidade para o relacionamento e compreensão do próximo. O sentido da fala, da audição e do movimento também são trabalhados ampliando a compreensão social e de outra cultura.
Para Tromer (1999) apud Amaral (1996) ensinar língua estrangeira é uma importante tarefa: “Ao exercitar a mobilidade e flexibilidade do órgão fonador nas aulas de línguas estrangeiras a criança está adquirindo a flexibilidade anímica necessária aos relacionamentos sociais futuros.” (Tromer 1999). Em nenhuma outra matéria ela terá tanta possibilidade de abertura, interesse e compreensão pelo que é estrangeiro evitando o surgimento de ódios raciais e discriminação.
Leisinger (1949) apud Amaral (200l) considera incrível a prontidão da criança em fase escolar para a assimilação de novos conhecimentos. Nesta idade o interesse é diversificado e voltado para o novo desde que este seja apresentado de forma viva e evocando sentimentos já com o passar do tempo a ligação espontânea de objetos e processos a sons e denominações passa a ser mais refletida e intelectualizada.
Kiersh (1992) apud Amaral (2001) ressalta que é possível estimular por meio das línguas estrangeira habilidades que facilitam a aprendizagem geral como prontidão para avaliar dificuldades e problemas sem ansiedade, prontidão para arriscar moderadamente, autoconfiança, assertividade e capacidade de tolerar ambiguidade. O aprendiz bem sucedido sabe se comunicar sem inibição e não teme ser considerado incapaz. Está disposto a cometer erros quando seu objetivo é aprender e se comunicar e suporta um pouco de nebulosidade e falta de clareza.
Vale acrescentar que na pedagogia Waldof todos os conteúdos são planejados para estarem harmonizados entre si e atenderem às necessidades cognitivas, afetivas e espirituais das crianças em cada ano escolar. Assim é também muito importante que o conteúdo de todas as matérias sejam integrados e para isso é necessário que tanto os professores quanto os currículos estejam afinados de forma a proporcionar aos alunos uma visão mais ampla dos temas que serão por eles estudados.
Ainda que seja muito importante o estudo da língua estrangeira nas escolas Waldorf e embora haja um variado material sobre este tema ele se encontra fragmentado em capítulos de diversos livros e em anotações feitas por professores. Devido a este fato muitos professores de língua estrangeira que ingressam nas escolas Waldorf ficam perdidos com relação ao conteúdo com o qual devem trabalhar podendo até se afastar da proposta da pedagogia por desconhecimento.
Portanto, o presente trabalho visa reunir as indicações de alguns livros de pedagogia Waldorf quanto ao ensino de Inglês assim como recolher os relatos de professores e suas experiências e ainda propor algumas opções de trabalho que vão de encontro ao que está sendo ministrado pelo professor de classes.
Vale ressaltar que esta não é uma proposta fechada e sim uma sugestão para auxiliar aos professores de área a construírem sua própria maneira de ensinar adequada às classes com as quais trabalham.

2.                  METODOLOGIA

O presente trabalho contou com uma revisão bibliográfica, entrevistas assim como relato de experiência da própria autora como professora de Inglês de quinto ao nono ano no Jardim escola paineira.
Foram estudados os currículos propostos por Stockmeyer (1979) e Trommer (1999) (visto ambos são bastante utilizados com bases curriculares nas escolas Waldorf) além de revisados materiais específicos sobre o ensino da língua estrangeira nas escolas Waldorf.
Também foi utilizado o material recolhido no primeiro e no segundo congresso de professores de língua estrangeira da América latina realizado nos meses de outubro de 2007 e outubro de 2009 na escola Rudolf Steiner e ministrado pelo professor Crhistopher Jaffke autor de vários livros da área. Dentre este material está um currículo sugerido pelo professor Jaffke e relatos de experiência de professores.
Também foi utilizado material recolhido na escola conviver e bibliografia da área da biblioteca da escola pólen de Belo Horizonte.
As propostas de ligação entre os conteúdos foram feitas com base no material supracitado, na experiência da autora em correlação como as propostas dos currículos de Stockmeyer (1979) e Trommer (1999)

3. RESULTADOS

3.1  OS CONTEÚDOS GERAIS DE CADA ANO EM UMA ESCOLA WALDORF

Visto que o conteúdo estudado de inglês deve estar conectado a toda a matéria estudada tornou-se necessário criar um panorama geral dos conteúdos ministrados em cada ano em uma escola Waldorf. Para facilitar a observação da conexão do conteúdo de Inglês de cada ano com a matéria dada pelo professor de classe a tabela 1 apresenta resumidamente todos os conteúdos indicados no currículo de Stockmeyer (1979). Nos conteúdos em que há um asterisco existe discordância entre os professores de que ano dever ser dados.

Tabela 1: Currículo de Stockmeyer (1979) de forma resumida
Quinto ano
Português
Diferença entre a forma verbal ativa e a passiva. *
Mais que perfeito e futuro do pretérito
Aperfeiçoar o uso da pontuação.
Continuar a desenvolver a escrita de cartas e composições descritivas
Estudar os vários elementos de uma frase * (sexto ano?)
Sinônimos, antônimos, etc.

Geografia
Relações da terra com as plantas e animais
Paisagens
Polaridades: Fundo de mares X Alpes; Regiões quentes e frias, etc
Como o homem habita estas diversas paisagens
A cidade e o estado dos alunos OU geografia do Brasil (as indicações variam)

Matemática
Frações e decimais

História
Grécia e povos orientais

Ciências naturais
Zoologia e antropologia
Botânica
Sexto ano
Português
Orações conjuntivas
Redação de cartas deve passar para redações comerciais simples e claras.
Morfologia
Imperativo
Subjuntivo* (sétimo ano?)
Condicionais

Geografia
Seu país
O globo terrestre, os continentes, meridianos e paralelos
Climas e correntes marítimas e relevo.
América latina e do sul

Matemática
Passar para cálculos de juros, porcentagem, desconto e cálculo de câmbio começando, com isto, a álgebra.
Provas de teoremas geométricos
Desenhos geométricos com esquadro e compasso

História
Roma e idade média

Ciências naturais
Mineralogia e astronomia
Sétimo ano
Português
Subjuntivo/ sintaxe

Geografia
Prosseguir com o tratamento das condições astronômicas e começar com as condições culturais intelectuais dos habitantes da Terra, sempre em relação com as condições materiais, particularmente as econômicas, tratadas em geografia nos três primeiros anos do ensino de geografia. Com os conceitos da física e química já adquiridos, suscitar uma concepção resumida sobre condições de trabalho e de transporte, no decorrer da história.
Geografia de um continente que não seja o do aluno

Matemática
Introduzir potenciação e radiciação, bem como cálculos com números positivos e negativos.
Introdução da álgebra
Levar a geometria adiante, buscar as leis geométricas

História
Renascimento, Grandes navegações, reforma

Ciências naturais
Retornar ao ser humano e ensinar o necessário acerca de condições de nutrição e de saúde.
Suscitar uma concepção resumida sobre condições de trabalho e de transporte.
Oitavo ano
Português
Compreensão das relações existentes em textos mais extensos de prosa e poesia.
Ler algo dramático e algo épico.
Continuar o estudo dos tipos de orações
Não deixar de dar atenção, justamente no ensino da língua, ao aspecto comercial-prático.

Geografia
Apresentação resumida das condições da indústria e do transporte em relação com a física e química.

História
Revolução francesa, Napoleão revolução industrial e iluminismo, capitalismo e lutas operárias
Em alguns currículos sugere-se que chegue até a atualidade outros que os temas restantes sejam tratados no nono ano.*

Matemática
Continuar a exercitar potenciação e radiciação. Continuar o ensino de equações lineares também com várias incógnitas, e introduzir cálculos de formas geométricas e superfícies. Empregar o ensino de lugares geométricos sobre a secções cônicas e curvas semelhantes.

Ciências naturais
Abordar o ser humano de modo a apresentar aquilo que pode ser encontrado no seu exterior estruturando o seu interior, como a mecânica dos ossos, a mecânica dos músculos, a construção interior do olho etc. Acrescentar a isso uma apresentação resumida das condições da indústria e do transporte.
Nono ano
Português
Humor para revisar todos os conteúdos estudados

Geografia
Observação da estrutura das montanhas da terra de modo que possa surgir a representação de que a Terra é um corpo com organização interior. A seguir, tratar da movimentação das estrelas na direção da visada (o efeito Doppler).
Metrologia e mineralogia

História
A história dos séculos de XVI a XIX, para que os alunos obtenham compreensão para o presente

Matemática
Álgebra
Arranjo e combinação
Equações
Medições
Conceito de conjunto

Ciências naturais
Química orgânica
Fisiologia: imunologia, homeostase
Física: Princípio das máquinas elétricas

3.2  O ESTUDO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA DO QUINTO AO NONO ANO

Segundo Jafkke (2006) não se deve enfocar no estudo da língua estrangeira apenas seu aspecto formal ou comunicativo, mas também seu aspecto estético. Stockmeyer (1979) acrescenta que no trabalho com o Inglês é importante traduzir o mínimo possível e buscar tratar nas aulas da cultura, dos costumes, hábitos de vida e disposição anímica do povo estrangeiro levando em consideração as particularidades da maneira de se expressar deste povo. Para um contato mais vivo com a língua podem ser tratados conjuntamente de provérbios ou do tesouro de expressões idiomáticas da comparando com as correspondentes da língua materna além de trabalhar canções, poemas, histórias e lendas específicas do país, etc.
Deve-se acrescentar que os conteúdos devem ser ministrados forma viva e para que isto ocorra e a coleta de relatos de experiências que deram certo e a criatividade do professor são essenciais.  
Jaffke (1996 apud Amaral) coloca que crianças após o nono ano de vida não contam mais com a sensibilidade que permite adquirir por meio da imitação inconsciente uma pronúncia muito semelhante à de um “native speaker”. Taylor apud Amaral (2001) observa que após esta idade as crianças começam a dar entonação própria ao que dizem, como se o despertar da consciência modificasse a língua e por isso é necessário que o professor proponha muitos exercícios para tornar os órgãos fonadores mais flexíveis.
Segundo Jaffke (1996) apud Amaral (2001) é a partir do quarto ano que começa a aprendizagem mais formal de outras línguas e esta deve ser iniciada com a escrita. Inicialmente os alunos escreverão textos já conhecidos ou cartas aos falantes da língua-alvo, e progressivamente vão ganhando progressivamente maior habilidade, liberdade, fluência e independência na escrita. A escrita é trabalhada em inúmeros momentos tanto no relato das aulas, quanto no resumo de textos, na escrita de um diálogo ou de uma peça ou em aulas específicas para redação.
O ensino da língua estrangeira deve desenvolver as várias habilidades do aluno, ou seja, a compreensão do que é falado (listening), a escrita (writing) a capacidade de falar (speaking ou dialog), o aprendizado da gramática (grammar) e a aquisição de vocabulário. Sugere-se assim que existam duas épocas em cada semestre no Inglês uma época com ênfase na gramática e outra com ênfase em leitura, listenig e writing e entre elas intercalado a construção de diálogos e escrita de textos sobre situações quotidianas.
Quanto ao vocabulário Scott (1995) indica que sejam aprendidas uma média de 5 palavras por aula e para a introdução deste vocabulário pode-se utilizar desenhos, gestos ou jogos de mímica. Podem também ser feitas atividades de colocar a palavra junto ao objeto, encontrar palavras relativas a um determinado contexto ou fazer um “picture dication” ou bingo. Vale lembrar que o vocabulário deve estar associado ao tema mais amplo da aula (como o verso recitado, a música, o livro que está sendo lido ou o tema do dialogo).
A leitura pode ser realizada de várias formas de acordo com o grau de desenvolvimento e a características dos alunos. Os alunos podem, por exemplo, preparar partes do texto para lerem na aula, lerem em conjunto com o professor, cada um se preparar para ler como um personagem da história ou ainda o texto pode ser somente lido ou lido e dramatizado pelo professor. Os textos também podem ser trabalhados de forma que, após lidos os alunos possam teatralizá-los ou transmiti-los através de figuras para a classe. É importante que o vocabulário do texto tenha sido introduzido previamente. Para a finalização desta atividade é interessante que os alunos consigam recontar a história e responder perguntas sobre ela e que escrevam um pequeno resumo ou ilustrem a história no caderno. Para melhorar ainda mais a introdução de um novo livro pode-se mostrar fotos, falar sobre o autor, contar sobre o local em que a história ocorre, etc.
A leitura em voz alta pode ser trabalhada de inúmeras formas: o aluno lê com o professor, os alunos lêm em coro sem o professor, lêm sozinhos ou lêm de trás para a frente (neste caso a ênfase está na pronúncia). Podem também haver jogos de leitura como “errou parou” (quem erra para de ler e o outro começa) ou o professor pede para que achem uma palavra no texto e leiam a frase na qual ela está contida.
A criação de diálogos pode ser feita através da escrita ou da formulação de uma “peça” para a apresentação para os colegas.
O listening pode ser trabalhado através da compreensão de textos ou atividades de completar espaços com os temas relacionados. Também é muito produtivo quando um ou mais alunos cantam uma canção enquanto os outros tentam compreendê-la.
No oitavo e nono ano também é muito interessante dar liberdade para os alunos para que estes apresentem canções apropriadas. Há também a sugestão de se criar uma rádio novela com algum dos textos trabalhados anteriormente.
É importante que além de se voltar para a história o Inglês se ligue a temas práticos do dia a dia e para tanto os alunos podem criar diálogos ou escrever sobre estes temas.
Vale ressaltar que existe a indicação para a criação de um caderno de gramática e outro sobre a Inglaterra. Neste caderno constarão dados sobre a geografia e principalmente sobre a história da Inglaterra/ Estados Unidos (no caso do nono ano).
Eu particularmente utilizo um caderno para gramática, vocabulário e diálogos e outro para história, poemas, músicas peças e composições (pois estes seguem o mesmo fio condutor que é a história).
Stott (1995) coloca que o professor de línguas deve exercer uma “sanguindade planejada”. Toda a aula deve ser composta de “coisas antigas vestidas como coisas novas”. Aponta que uma aula deve incluir alguns dos itens a seguir: canções, poemas, diálogos, aritmética mental, momentos de fala, provérbios, histórias, leitura, escrita, ditado, compreensão oral, peças teatrais e gramática. As especificidades destes conteúdos (como o que será lido, escrito, o tipo de música, etc) podem estar em correlação direta com os conteúdos dados pelo professor de classe naquele ano. A composição destes conteúdos deve levar em conta o pensar o sentir e o querer e ser refeita a cada semestre, deve-se deixar alguns itens adormecidos para que possam ser trabalhados em outro ano.
Quanto à organização da aula esta segue o mesmo ritmo da aula principal respeitando a seguinte ordem: Cumprimento; ritmo; verso; fase do sentir (poemas, textos dramatizados, canções ou músicas); retrospectiva/ dever de casa; fase do pensar (treino de novo vocabulário ou gramática, leitura, produção de textos, diálogos); fase do querer e encerramento.
No primeiro momento o professor atua junto com os alunos, no segundo o professor pode ser um pouco mais atuante e no terceiro a criança será mais atuante.
O ritmo do quinto ao nono ano pode ser feito através de trava línguas, versos acompanhados de gestos ou comandos como “put your left hand in the air” ou “wal, run, etc”, “count from one to tem and clap your hands”, etc, canções ou poemas.
A apresentação do conteúdo novo varia de acordo com o objetivo da aula. Neste momento pode ocorrer o aprendizado da gramática, a leitura de textos, a escrita de um texto ou a criação de um diálogo ou o aprendizado de uma nova canção ou poema.
A parte do “fazer” está intimamente relacionada ao conteúdo anterior. O aprendizado da gramática pode ser procedido pela anotação deste conteúdo ou pela realização de exercício. Em classes maiores pode até se pedir pra que os alunos “ensinem” aos outros que estão com dificuldades.

3.3  CONTEÚDOS ESPECÍFICOS DE CADA ANO ESCOLAR

As indicações mais específicas para o ensino de gramática foram encontradas principalmente no currículo de inglês proposto por Jaffke (2006) foram enumeradas a seguir sendo complementadas por alguma correlação com o material estudado na língua materna. Observa-se que todos os conteúdos de inglês propostos no currículo já forma trabalhados ou estão sendo trabalhados no mesmo ano pelo professor de classe

3.3.1 O quinto ano

Stockmeyer (1979) coloca que no quinto passamos ocorre o estudo da sintaxe que será complicado no sexto ano. Em paralelo, deve ser sempre cultivada a leitura e a escrita de redações curtas.
Jaffke (2006) coloca que com 11 anos as crianças geralmente têm uma boa memória rítmica e podem aprender muito. É também idade que a beleza da língua deve ser cultivada pela entonação e pela melodia visto que neste ano predomina ainda a língua falada. Tromer (1999) acrescenta que os alunos desta idade gostam de pequenas competições e têm prazer em apresentar o resultado do esforço pessoal e que é importante observar as emoções que acompanham as aulas. É nesta idade também que se manifestam mais claramente as diferenças entre os alunos quanto ao dom e à disposição para o trabalho.
As lições devem ser vivas e cheias de variedade sendo que o professor pode encorajar as crianças a serem criativas e desafiá-las com poemas longo e canções difíceis. As crianças podem testar sua criatividade escrevendo pequenos textos ou poemas.
Jaffke (2006) coloca que o conhecimento de gramática dos alunos também aumenta na medida em que o professor expande os conteúdos estudados nos anos anteriores e que as palavras de vocabulário devem ser aprendidas e praticadas mais conscientemente. Trommer (1999) complementa que os elementos da gramática fortificam o eu e devem ser assimilados gradativamente até o oitavo ano e, mas lembra que dominar as regras da gramática e da ortografia não podem ser a única meta do ensino de línguas visto que as línguas atingem camadas mais profundas e contribuem para formar o aluno com ser humano.
As estruturas gramaticais novas são introduzidas na língua nativa. Somente depois que a gramática foi entendida é que as regras devem ser escritas em um livro simples de gramática na língua nativa e nas próprias palavras do aluno. Deve haver um caderno separado para gramática e um para o restante (Jafkke 2006).
O trabalho oral é continuado com perguntas e respostas e diálogos, exercícios de discurso e vários tipos de poemas. Recitar é um excelente mio de melhorar a pronúncia e a entonação e ajuda a melhorar o domínio do vocabulário.
Textos compostos pelo professor permitem recapitular e ampliar o vocabulário. É importante a compreensão do conteúdo, mas não a tradução literal. Quando um texto é lido pela primeira vez os alunos devem escutar primeiro e não acompanhar a leitura. O processo termina pela leitura com a pronúncia correta. Na leitura o aluno precisa entender o sentido essencial do texto e pronunciar bem.
Com os livros é importante introduzir as palavras novas antes que os alunos comecem a ler o texto. Tópicos relativos aos textos como mapas, contexto, etc podem ser trabalhados. Perguntas sobre o entendimento oral dos textos devem ser feitas durante as aulas e somente depois disso eles podem tentar responder às questões sozinhos.
É importante em todos os anos estar atento ao capricho do caderno, pois este é o “livro de inglês” de cada aluno e a escrita ou ilustração neste é a culminância de todo um processo de aprendizagem.

3.3.1.1 Formas de trabalho
-         Recitações, canções, poemas, histórias e peças
-         Leitura com livros de histórias

3.3.1.2 Gramática

-         Verbos irregulares em grupos sonoros
-         Formas dos verbos to be, go, have e do no presente e no passado
-         Presente simples e continuo/ passado simples e contínuo e futuro nas formas afirmativa, negativa e interrogativa.
-         Plural de substantivos e quantitativos (much, many, etc)
-         Question words: What, where, when, who, etc
-         Preposições

3.3.1.3 Objetivos na leitura e vocabulário

-         responder a questões simples sobre textos
-         Recontar as histórias com as suas próprias palavras
-         Reconhecer a diferenças de estrutura entre o inglês e o português
-         reconhecer os tempos verbais
-         Aumento do vocabulário

3.3.1.4 Diálogos

Como os alunos do quinto ano estão começando uma nova etapa no Inglês é interessante que os diálogos girem em torno das primeiras situações com as quais eles devem se defrontar como se apresentarem, chegarem a um país diferente, pedirem um taxi, chegarem a um hotel, etc.

3.3.1.5 Conteúdos para leituras e estudos culturais

Na época de matemática pode retornar o estudo das horas e de cálculos mentais simples em inglês para que os números não fiquem esquecidos. Podem também ser trabalhados os ordinais e os cardinais.
Com relação às ciências naturais é interessante retomar o vocabulário sobre animais e acrescentar alguns animais diferentes mais peculiares da região dos Estados Unidos e Inglaterra assim como pode ser contada uma história interessante sobre este tema.
Também podemos falar de como são especiais as plantas dos países frios como a Inglaterra e trazer músicas sobre isto como “Now the Green blade rise” e “english country garden”.
Com relação à história são estudados os povos orientais e a Grécia. Como a introdução à história da Inglaterra começa este ano é possível falar dos celtas e de suas lendas visto que este foi o primeiro povo que viveu na Inglaterra.
É importante ressaltar que a fala sobre os celtas pode se encaixar muito bem também no quarto anos, mas como a leitura e a escrita só começam no quito ano este tema acaba ficando melhor abrigado neste ano para que depois se possa dar a ele a devida continuidade.

3.3.2 Sexto ano:

No sexto ano ordem, estrutura e clareza são muito importantes. As crianças devem ser incentivadas a aplicar suas habilidades de pensar na linguagem. Nesta idade também pode ser mostrado para as crianças o quanto elas já aprenderam e o quanto ainda têm a aprender e é também interessante proporcionar atividades nas quais as crianças percebam seu progresso. Poesia ou peças dramáticas, heróicas ou humorísticas também têm um importante papel.
No sexto ano as diferenças individuais ficam mais marcadas e convém tratar as características dos vários povos como forma de mostrar as diferenças. O professor deve estar preparado para a ampliação das habilidades dos alunos assim como para proporcionar atividades para os vários níveis de habilidade o que não significa que as classes devem ser divididas em grupos visto que nesta idade a divisão não é benéfica.
As crianças precisam enfrentar a exigência da leitura de um texto desconhecido e serem capazes de responder a perguntas e repetirem o texto com suas próprias palavras. Também é interessante treinar o s prático da língua. (Tromer 1999)


3.3.2.1 Formas de trabalho

-         Recitações
-         Canções dramáticas
-         pequenos diálogos do dia a dia e diálogos dramáticos e humorísticos
-         Estudo da cultura

3.3.2.2 Gramática

-         Passiva no presente e no passado
-         O adjetivo e suas comparações
-         Condicionais
-         Present e past perfect
-         Advérbios e frases adverbiais

3.3.2.3 Objetivos:

-         Falar sobre eles mesmos e sobre o que foi falado em classe de forma mais fluente e livre
-         Reconhecer os tempos verbais estudados em textos e criar exemplos próprios
-         Compreender os termos gramaticais usados

3.3.2.4 Diálogos

Como os alunos do sexto ano estão começando a trabalhar transações comercias, câmbio, etc. Podem ser criados diálogos em estabelecimentos comerciais e de câmbio como o aeroporto, o hotel, uma loja, um supermercado, etc. Visto que os alunos estão estudando também a geografia de sua cidade, seu país, etc pode-se escrever sobre estes tópicos.

3.3.2.5 Conteúdos para leituras e estudos culturais

No sexto ano os alunos estão estudando astronomia, o planeta com seus continentes, meridianos e paralelos, mineralogia, Roma e Idade média.
Com o estudo de Roma e da Europa antiga pode ser introduzido um mapa da Inglaterra antiga com alguns pontos aonde se localizam as principais lendas como Camelot e Nottingham.
Posteriormente pode-se lembrar dos celtas que foram o primeiro povo que viveu na Inglaterra dando continuidade através da invasão romana à Brittania.
Quando se estuda a queda do império romano e as invasões bárbaras pode-se falar destas invasões que também ocorreram na Inglaterra pelos saxões, Vikings e normandos.
A imagem dos castelos e dos cavaleiros da idade média é muito forte na Ingleterra e este tema pode ser trabalhado numa ampla gama de formas desde canções até histórias. Duas figuras muito importantes neste período são a do Rei Arthur e a de Robin Hood.
Como sugestão os alunos podem fazer uma peça sobre o Rei Arthur que consta no livro “plays for waldorf school” e lerem o livro Robin Hood da editora Waldorf.
Quanto à astronomia e o conhecimento do planeta pode-se falar do céu no hemisfério norte e contar alguma história sobre Greenwish.

3.3.3 Sétimo ano

No sétimo e no oitavo anos deve-se dar a maior importância à leitura e à abordagem do caráter da língua em frases dos tipos que se apresentam no trabalho e na vida das pessoas que falam a língua em questão. Deve-se exercitar isso empregando textos e cuidar para que, por meio do recontar, a capacidade de expressão na língua estrangeira seja exercitada. Tromer (1999) acrescenta que no sétimo ano precisa ser treinada a fala individual e a pronúncia deve ser bem cuidada. Só esporadicamente devem ser feitas traduções. Em contraposição, deveríamos fazer recontar o que é lido, mesmo textos dramáticos (Stockmeyer 1979).
Deve se dado para a criança muita variedade de coisas para aprender assim como dar oportunidades delas mostrarem o que sabem fazer em testes e exercícios e ditados e o trabalho em grupo pode se utilizado.   O caderno deve ser muito bem cuidado. (Jaffke 2006)

3.3.3.1 Formas de trabalho

-         Continuar o estudo da cultura
-         Pequenas cenas dramáticas dos livros
-         Linguagem diária, coloquialismos

      3.3.3.2 Gramática

-         Modais e auxiliares
-         Pronomes
-         Organização da frase em sujeito, objeto e predicado

3.3.3.3 Objetivos:

-         Reconhecer as formas verbais (incluindo perfect)
-         Responder questões sobre os textos sem ajuda
-         Saber a ordem das sentenças

3.3.3.4 Diálogo

No sétimo ano os alunos começam a ver as condições diferentes de vida dos habitantes da terra. Também é falado da nutrição humana e saúde e isto é também válido para a Inglaterra. Pode-se falar de hábitos muitos diferentes dos nossos, das adaptações às diferentes temperaturas, assim como comidas típicas. Este tema de nutrição é interessante para a criação de diálogos em ambientes com restaurante, supermercado, feira ou até mesmo no médico.
Também no sétimo ano que o homem começa a se reconhecer como indiíduo e os alunos podem tratar em pequenas redações temas como ele mesmo, seu dia a dia, seus sonhos e até seus medos.

3.3.3.5 Conteúdos para leituras e estudos culturais

Quanto à história os alunos estão estudando o Renascimento, as grandes navegações e a reforma, absolutismo. Assim podem ser contadas algumas histórias de reis e rainhas utilizando, por exemplo o poema “kings and queens”. É interessante dar mais ênfase a Elizabeth que impulsionou as navegações e patrocinou Shakespeare.
O professor de Inglês pode também tratar nas jornadas aos Estados Unidos (como o Mayflawer, Francis Drake a Capitain John Smith) do dia de ação de graças, da marcha para o oeste, da igreja anglicana e dos puritanos.
Shakespeare também é um famoso renascentista cujos textos são valorosos no trabalho com o inglês.


3.3.4 Oitavo ano

Durante o ano escolar o professor deve preparar os alunos para um trabalho mais independente. Cada estudante deve conseguir falar oralmente de um tema de seu interesse e o professor deve ajudar somente quando for absolutamente necessário para a construção das frases e o uso do dicionário deve ser praticado.
No oitavo ano podem ser tratados os rudimentos da poesia e da métrica da língua estrangeira e ser dado um esboço muito breve da história da literatura da língua correspondente. (Stockmeyer 1979).
Visto que no oitavo ano os jovens e tornam mais conscientes de sua biografia, das suas fraquezas e capacidades. O professor escolherá textos relacionados com o destino, ideais de dignidade humana. Também podem ser tratados temas da atualidade.

 3.3.4.1 Formas de trabalho

-         estudo da cultura
-         pen pal
-         Continuar o estudo da cultura
-         Pequenas cenas dramáticas dos livros
-         Linguagem diária, coloquialismos
-         Praticar conversação em classe

 3.3.4.2 Gramática

-         discurso indireto e direto
-         passiva
-         Condicionais
-         Preposições e linking words

3.3.4.3 Objetivos:

-         reconhecer todas as formas verbais
-         ordenar frases corretamente
-         escrever textos pequenos com poucos erros
-         Conseguir se expressar no dia a dia
-         Recomendação do Christmas Carol

3.3.4.4 Diálogos

No oitavo e nono anos os alunos já estão no foco da individualidade e é interessante promover debates. Temas como as guerras podem sucitar debates sobre como resolver conflitos e temas como o Apartheid pode levar ao diálogo sobre o preconceito.

3.3.4.5 Conteúdos para leituras e estudos culturais

Neste ano será estudada a história passando pela revolução Industrial. Na geografia também é tratado das condições da indústria e do transporte.
Alguns professores chegam ao tema das duas grandes guerras.
Neste ano recomenda-se tratar da industrialização que ocorreu na Inglaterra, do crescimento econômico e das dificuldades vividas pela população.
Foi indicada a leitura o livro Oliver Twist.
Pode-se falar também do neocolonialiasmo inglês.

3.3.5 Nono ano :

No nono ano é feita uma recapitulação da gramática tratada com humor, oferecendo continuamente exemplos plenos de humor. O trabalho também deve focalizar o recitar com textos, por exemplo, de Shakespeare (Stockmeyer 1979).
No nono ano é trabalhada na matemática a conversão para moedas estrangeiras e o Inglês não pode deixar passar esta oportunidade. Pode ser estudada de forma divertida a conversão para várias moedas de países de língua inglesa.
Neste ano muda-se o foco da Inglaterra e passa-se o foco para os estados Unidos. Como neste ano estão sendo estudadas as biografias é muito interessante estudar a história dos EUA através de cartas.
Visto que os alunos já viram sobre o descobrimento dos EUA no sétimo ano agora pode-se falar sobre: as 13 colônias, a independência e a guerra civil e a questão racial do apartheid, “the underground railroad” entre outros.
Neste ano podem ser trabalhadas biografias como a de Martin Luther King ou o Livro Amstad.
Caso não tenha sido trabalhado no ano anterior pode ser tratado o tema das duas grandes Guerras, da Crise de 29 e da Guerra Fria envolvendo tanto Inglaterra como Estados Unidos.
Há recomendações de que se fale dos EUA no sexto sétimo e nono ano. No entanto pelo currículo de história achei adequado trabalhá-lo somente no sétimo e nono anos.

4        CONCLUSÃO

Buscou-se com este trabalho reunir um pouco de material do ensino da língua inglesa que se harmonize com o currículo Waldorf. No entanto, esta é apenas uma proposta em construção que pode e deve ser complementado com criatividade e conhecimento da antroposofia e do currículo por parte dos professores de línguas.

Bibliografia:

Amaral, N. F. 2001. O ensino de línguas estrangeiras na formação integral das crianças: Abordagem Antroposófica. In: V. J. Leffa (org). O Professor de Línguas: Construindo a Profissão. Pelotas: Educat.

Jaffke, C. (2006) Curriculum for Elglish as a foreign language in Steiner Waldorf Schools baseado em Pädagogischer Auftrag und Unterrichtsziele  von Lehrplan der Waldorfschulen. 2ed. Tobias Richted press, Stuttgart, 2006.

Stockmeyer Rudolf Steiners Lehrplan für die Waldorfschule (O currículo de Rudolf Steiner para as escolas Waldorf), 3ª edição apostilada de 1976

Stott, M. Foreign language teaching in Rudolf Steiner Schols Hawthorn press, Glouchestershire 1995.

Trommer Para a estruturação do ensino do primeiro ao oitavo anos nas escolas Waldorf/ Rudolf Seteiner

Um comentário:

Unknown disse...

Cara Marina, adorei esta monografia, estou estudando Letras e gostaria muito de envolver as minhas aulas de inglês com elementos da Pedagogia Waldorf. Esta bibliografia é de fácil acesso? Você participa de algum tipo de estudo da língua na pedagogia onde eu pudesse assistir alguma prática?